domingo, 4 de julho de 2010

A POSIÇÃO DO BRASIL NA CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO.

Recebemos do último século como herança, o desgaste sem escrúpulo dos recursos naturais, os efeitos letais da poluição do ar e das águas, a destruição das matas e da biodiversidade do planeta. Na primeira década de 1960, advêm através dos movimentos ecológicos alertas sobre as graves ameaças que estavam impostas à biosfera. Os movimentos e discussões naquela década já apontavam para a insustentabilidade daquele modelo de desenvolvimento baseado em um consumismo desenfreado e num crescimento econômico acelerado.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia), em junho de 1972. Foi a 1ª Conferência Internacional como referência para o primeiro grande debate mundial sobre os temas ambientais. Foi o maior evento de repercussão internacional dedicado exclusivamente à avaliação das relações entre sociedade e natureza até àquela data. A grande surpresa no evento de Estocolmo coube a delegação do Brasil que escandalizou uma considerável parcela de brasileiros, incluindo profissionais e técnicos dos órgãos de controle ambiental e, principalmente, os militantes do iniciante movimento ambientalista das décadas de 1960 e de 1970.
O Brasil apresentou a situação política do nosso país naqueles tempos de regime militar, a delegação do Brasil defendeu a tese do desenvolvimento econômico a qualquer preço, sem qualquer restrição de natureza ambiental. Essa posição oficial ainda é lembrada nos dias de hoje e causa arrepios nos meios ambientalistas e sanitaristas brasileiros. O Estado de S. Paulo com o título: Frase causa polêmica em 1972 em sua edição do dia 19 de maio de 1991 reportava-se a um editorial do The New York Times, de 13 de fevereiro de 1972, que vigorosamente criticava uma frase proferida pelo então ministro do Planejamento do Governo Médici, João Paulo dos Reis Velloso. Vamos à Poluição, publicava aquele editorial citado no O Estado, dando aperceber que quanto maior a poluição, maior o progresso. Essa fala, esse raciocínio do Ministro “envolveu o país numa das mais constrangedoras e desconfortáveis situações diplomáticas da sua história”. Dizia “O Estadão”: “Por causa dessa frase, a delegação brasileira que participou da reunião de 1972 enfrentou olhares acusadores e teve dificuldades para convencer os outros países de que também era a favor do controle da poluição”.
O Brasil (um País com muitas riquezas naturais) em desenvolvimento, numa posição de Terceiro mundo, numa recessão econômica, com uma dívida externa, fome, miséria, com um índice de analfabetismo muito grande, apresenta uma conclusão contraditória: Defendeu-se o ex-ministro Reis Velloso: “Isso foi uma tolice que surgiu naquela época por causa de uma interpretação do jornal norte-americano. O que procurei dizer era que a miséria era o maior agente de destruição ambiental e o Brasil não iria abrir mão de indústrias modernas a pretexto de que elas eram poluidoras.”

Referências Bibliográficas: *ATTÍLIO BRUNACCI*Desenvolvimento sustentável (1) - Geografia - UOL Educação

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